DETALHANDO REGRAS: RAW E RAI

 

A Luta por Alessia H V


DETALHANDO REGRAS: RAW E RAI – O QUE SÃO E PRA QUE SERVEM?

 

 

Dois termos comumente usados no mundo do RPG em geral e de muita importância em D&D são o RAW e o RAI. Estas siglas, vindas do inglês, significam Rules As Written e Rules As Intended. Pra um não falante da língua inglesa, isso significa nada, então bora traduzir esse trem aí: RAW é as Regras Conforme Escritas, ou seja, as regras lidas de forma LITERAL (lembrando que literal significa exatamente isso: ler aquilo de forma estrita, sem buscar metáforas ou outros significados ampliados). Já RAI é buscar as Regras Conforme Sua Intenção, ou seja, seu espírito. É buscar o MOTIVO para elas existirem.

 

Alguns sistemas, por si só, tendem ao RAW ou ao RAI com mais frequência. Isso porque são mais estritos ou mais amplos. Enquanto um sistema como D&D ou GURPS possuem regras rígidas desde sua elaboração, sistemas como Vampiro, a Máscara, não tem esse objetivo, tendo as regras mais como um guia para decisão do Mestre (ou Narrador, no caso).

 


As Colinas Altas por Santa Norvaisaite



Isso não significa que, como alguns dizem, que a RAI depende da “interpretação” do DM (ou da mesa). Não se trata disso. É entender o motivo daquela regra estar no jogo. Que tipo de equilíbrio ela traz no jogo. Alguns “combeiros” buscam exatamente os “furos” nessas limitações impostas por regras para aumentar a capacidade de um personagem. Mestres que seguem o RAI tendem a dizer não para essas combinações, pois elas ferem o “espírito da regra”. E nada tem a ver com “o mestre pode interpretar a regra como quiser”. Não é como dizer que um paladino/monge pode usar seu poder destruição com ataques desarmados. Isso não tem a ver com RAI. Isso é regra caseira. (No entanto, o entendimento de que a limitação do poder de destruição se deve a outras situações no jogo e que o RAI não foi feito para ferir essa multiclasse poderia ser a base para uma regra caseira que permitisse, se fosse a vontade do DM ou da mesa).

 

Já o RAW é a regra literal. Não importa se a regra tinha a intenção de permitir que armas de haste se beneficiassem de uma situação. Se determinada arma não estiver na lista, ela simplesmente não se beneficia daquela situação, sem que a regra seja revista. Regras ainda cabem interpretação, mesmo quando seguidas de forma estrita, mas normalmente cabe apenas uma única interpretação, quando bem escritas.

 


Através da Tampestade para Ver a Luz por Alessia H V



Quando há brecha para dúvida, alguns jogos trazem FAQs publicados pela empresa. No caso do D&D, esse FAQ (que em PT-BR seria a sigla para algo como “Perguntas Frequentes”) é o Sage Advice (Conselhos do Sábio). O Sage Advice foi uma coluna escrita na Dragon Magazine, revista publicada originalmente pela TSR. Naqueles tempos não havia internet e as perguntas eram enviadas por cartas à revista que respondia através de um desenvolvedor nesta coluna. Hoje, um dos designers do jogo, especializado nas regras, Jeremy Crawford, responde no Twitter essas questões (e as mais frequentes ou mais polêmicas são transformadas em um documento digital e ficam à disposição de jogadores e mestres na página da WotC). O Sage Advice é responsável pelo esclarecimento das regras de D&D, seja em casos de RAW ou RAI. As regras de fato são aquelas publicadas nos livros oficiais de D&D (em nas erratas divulgadas na página da empresa).

 

Acredito que já tenha respondido de forma adequada a questão, mas algumas pessoas (eu!) amam um bom exemplo, então vamos lá.



O Grande Império por Santa Norvaisaite


 

A magia Proteção Contra o Bem e o Mal tem como componente material água benta ou pó de prata e de ferro, que a magia consome. Pois bem. Esse componente é consumido na conjuração, o que significa que não pode ser substituído por um foco de conjuração. Se tiver dúvidas, confira isso nas regras de magia na página 203 do Livro do Jogador publicado pela Galápagos. Mas traremos o trecho aqui:  “ Se a descrição afirmar que um componente material é consumido pela magia, o conjurador deve fornecer um novo exemplar desse componente toda vez que a conjurar”.

 

Pois bem. Essa é a única limitação. Mas na descrição não há a quantidade de água benta ou de pó de prata e ferro que será consumido. Aqui entra diferença entre RAW e RAI.

 

Se não há descrição de quantidade, uma gota de água benta ou uma pitada de pó seriam suficientes para quem segue um RAW restrito. E o quanto o DM cobraria de quantidade inicial? Caberia ao julgamento do mestre em cada mesa. No entanto, o RAI se mostra um pouco diferente. Jeremy Crawford, pelo Twitter, disse que a intenção é de que se use ao menos um frasco de água benta (que tem custo claro de 25 peças de ouro no Livro do Jogador, e que pode ser criada através de um ritual por um clérigo ou paladino pelo mesmo custo). Assim, por extensão, um Mestre poderia considerar o mesmo custo em pó de prata e ferro (ou qual a função de usar água benta se a quantidade de ferro e prata fosse diferente em custo?).

 

Desta forma, a cada uso da magia, haveria um custo embutido de 25 peças de ouro (além da compra dos ingredientes, que certamente não são vendidos no meio de uma caverna em Umbreterna, por exemplo).

 

Este é um exemplo no qual RAW e RAI são diferentes e que afetam os jogos em cada mesa, fazendo com que algumas coisas sejam diferentes. Veja que não tem nada a ver com “não usar componentes materiais porque é chato”. Isso é regra caseira e não segue as regras do jogo. Não se trata de RAW ou RAI. Em inglês, seria apenas House Rules. E aí, cada mesa tem suas próprias regras (ou nenhuma) e pronto.

 


Lobos de Nuada por IreAo



Entendeu as diferenças entre RAW e RAI? Ficou alguma dúvida? Abaixo tem os links de nossos demais Detalhando Regras.

 

Luz e Som 

Armadilhas

O Combate

Investigação, Percepção e Percepção Passiva

Ação, Ação Bônus, Reação, Interação e Deslocamento

Regra Opcional de Flanquear 

Conjurando Magias 

Regra de Surpresa


 

Das Cinzas por Santa Norvaisaite



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Autores das artes deste post:


IreAo: https://www.deviantart.com/ireao

Alessia H V: https://www.deviantart.com/alessiahv

Santa Norvaisaite: https://www.deviantart.com/nfatin




A Canção de Guerra da Última Batalha por Santa Norvaisaite