DARK SUN - A HISTÓRIA DE ATHAS: DAS ORIGENS AO DECLÍNIO

 




DARK SUN - A HISTÓRIA DE ATHAS: DAS ORIGENS AO DECLÍNIO

 


O Mundo de Athas

 

Athas é um mundo brutal, seco e implacável, onde só os fortes e corajosos sobrevivem. Ou aqueles sem nenhum escrúpulo. Seu sol carmesim domina o céu tingido de tons de oliva, queimando o solo rachado e as terras desoladas. O calor diurno é insuportável, com temperaturas que atingem 60 graus à sombra, apenas para cair abruptamente à noite, quando o frio corta como uma lâmina. O vento, quente como o sopro de uma forja, carrega tempestades de areia que obscurecem o horizonte e reduzem tudo à cegueira.

 

Não há rios, apenas o Mar de Silte – uma vastidão traiçoeira de poeira fina onde o menor passo pode ser o último. A água, a mais preciosa das riquezas, é rara. Chove apenas uma vez por ano – em algumas regiões, nem isso. A escassez de recursos é agravada pela quase inexistência de metais, tornando armas e ferramentas de pedra, osso e obsidiana comuns entre os povos de Athas.

 





As cidades-estado, enclaves de civilização erguidas em torno de oásis dispersos, são governadas por Reis-Feiticeiros, tiranos que reinam com mãos de ferro, exercendo magia profanadora que consome a terra ao seu redor. O povo é escravizado, gladiadores lutam nas arenas por entretenimento cruel, e exércitos marcham sob o comando de senhores brutais. Fora das cidades, tribos nômades, elfos saqueadores e criaturas monstruosas disputam o pouco que resta.  

 

Athas é um mundo sem deuses. Aqui, o poder vem dos elementos e da mente, e a magia é uma maldição que trouxe destruição à terra. No entanto, sob a poeira e as ruínas, há ecos de um passado distante – um tempo de abundância e esplendor, quando o verde cobria o mundo e a água fluía livremente.



Athaspace ou Doomspace?


Talvez tenha havido um tempo em que este mundo tivesse conexão com outros mundos, através de magia, psionismo, portais ou magipropulsão (spelljammer). Esta condição não pertence mais a Athas. Ou não por meios que a maioria dos mortais seria capaz. 

 

Com tudo isso, a vida resiste. Assim como o povo, que se rebela e insiste em sobreviver contra todas as evidências contrárias. A resistência aos tiranos, ao mundo hostil e a falta de recursos, surge nos lugares mais improváveis, sendo estes uma mina miserável com metal de baixa qualidade com seus trabalhadores desumanizados, ou nas arenas onde gladiadores se matam para divertir os templários e os Reis-Feiticeiros, ou em meio a miséria da população livre. O sonho de derrubar tiranos, sobrepujar a geografia e se tornar uma lenda ainda vive em Athas.

 

---

 

O Povo de Athas

 

Em Athas, mesmo as raças familiares de outros mundos de D&D foram moldadas pelo ambiente hostil, pela falta de recursos e pelas brutalidades do deserto. Elas evoluíram, adaptando-se para sobreviver no calor escaldante, nas cidades opressivas e nos ermos mortais. Cada raça traz consigo um legado único, forjado pela necessidade de resiliência.





Humanos

Os humanos continuam a ser a raça mais numerosa em Athas, mas são mais endurecidos e desconfiados. No deserto, apenas os astutos sobrevivem. Eles possuem uma mentalidade prática e brutal, dispostos a fazer o que for necessário para prosperar, seja como gladiadores, mercadores ou exploradores das terras áridas.

 

Elfos

Os elfos de Athas são corredores infatigáveis e saqueadores astutos. Diferentes de seus primos graciosos de outros mundos, eles são nômades do deserto, conhecidos por sua velocidade e resistência. Tribos élficas percorrem as dunas com rapidez sobrenatural, sobrevivendo de comércio, roubos e trapaças. A lealdade dos elfos é volátil e dura apenas enquanto houver vantagem.

 

Anões

Os anões de Athas são criaturas robustas e obstinadas, dedicadas a completar um foco – uma tarefa pessoal ou missão que os consome. Incapazes de desistir até que terminem sua meta, essa obsessão os define. Com as montanhas e minas em ruínas, eles se voltaram para trabalhos árduos como agricultores de subsistência ou construtores, vivendo com o mínimo necessário.

 

Halflings (Pequeninos)

Os pequeninos são relíquias vivas da Era Azul. Vivendo em selvas isoladas, eles rejeitam a civilização corrompida e protegem suas terras ferozmente. Selvagens e tribais, os pequeninos de Athas veem os forasteiros como inimigos ou pior, quando mortos, como provisões a serem consumidas neste mundo árido. Em sua luta diária pela vida, são habilidosos caçadores e sobreviventes natos.

 

Meio-Gigantes

Criados pelos Reis-Feiticeiros através de manipulação mágica, os meio-gigantes combinam força física com um intelecto limitado. Eles muitas vezes agem como guardas ou mercenários, moldando suas personalidades conforme aqueles com quem convivem. Embora brutais, são frequentemente influenciados pela ética dos outros.

 

Mul

Os mul são híbridos de humanos e anões, criados por sua resistência física e capacidade de suportar o trabalho exaustivo. Criados principalmente como escravos e gladiadores, os mul são figuras impressionantes, com corpos fortes e mentes focadas. Apesar de suas origens, muitos buscam escapar de seus destinos impostos.

 




Thri-Kreen

Os thri-kreen são insetoides nômades que percorrem os desertos em pequenos bandos. São caçadores excepcionais, dotados de múltiplos braços e uma pele resistente. Incapazes de dormir e guiados por uma mentalidade de colmeia, os thri-kreen são alienígenas para os outros povos de Athas, com valores e modos de vida incompreensíveis.

 

Draji, Gith e Outras Raças

Além das raças principais, Athas abriga mutantes, seres degenerados e exilados como os Draji e Gith. Cada povo carrega as marcas da luta por sobrevivência, adaptando-se ou perecendo em meio às areias intermináveis.

 

---


A Sociedade de Athas

 

A sociedade de Athas é rígida e hierárquica, dividida entre os governantes absolutistas e os oprimidos que lutam pela sobrevivência. No topo estão os Reis-Feiticeiros, tiranos imortais que governam as cidades-estado com poderes arcanos e psíquicos. Abaixo deles estão os templários, uma casta privilegiada que serve como burocratas, juízes e soldados, garantindo a ordem e esmagando qualquer sinal de rebelião.

 

Os cidadãos livres formam a classe média, composta por comerciantes, artesãos e pequenos proprietários. Muitos, no entanto, vivem sob constante ameaça de escravidão ou servidão aos templários. Os gladiadores, muitas vezes escravos, têm uma posição paradoxal: mesmo subjugados, podem ganhar glória e respeito ao vencerem nas arenas.


 



Os escravos são a base da pirâmide social, forçados a trabalhar em minas, plantações e construções monumentais, como os zigurates que simbolizam o poder dos Reis-Feiticeiros. Fora das cidades-estado, tribos nômades, elfos saqueadores e bandos de sobreviventes erram pelo deserto, formando sociedades independentes baseadas em pilhagem e autossuficiência.

 

A sobrevivência dita as relações sociais em Athas, onde traição, lealdade temporária e alianças por conveniência são comuns. Não há espaço para fraqueza em um mundo onde o menor erro pode custar caro, e apenas os mais fortes e astutos prosperam.

 

---

 

A Geografia de Athas

 

Athas é um mundo desolado, devastado pela magia profanadora e pela exploração desenfreada. A paisagem é dominada por vastos desertos de areia escaldante, dunas intermináveis e salinas brancas como ossos. O Mar de Silte, uma planície cinzenta de poeira fina e mortal, se estende como um oceano seco, sugando tudo que tenta cruzá-lo. Raríssimos oásis pontuam a vastidão, e são disputados ferozmente.

 





Mapa da Região de Tyr


Montanhas rochosas e escarpadas marcam os limites de algumas regiões, oferecendo refúgio precário contra as hordas errantes e predadores selvagens. Ruínas de civilizações esquecidas emergem das areias, seus segredos enterrados sob o peso dos séculos. Selvas tropicais ainda sobrevivem em bolsões isolados, protegidas pela brutalidade dos pequeninos.

 

As tempestades de areia e silte são comuns e perigosas, obliterando viajantes e cobrindo caminhos por dias. Pouco cresce aqui, e o que existe foi adaptado para resistir ao calor e à seca. Athas é, essencialmente, um mundo onde a natureza foi traída e luta para sobreviver.

 

---

 

A História de Athas

 

Chegamos, enfim a história de Athas. Essa história não é bela, não possui cavaleiros nem princesas.  Ela se divide em três eras, em sentido descendente, cada vez para algo mais vil, mais bruto, mais agressivo... algo pior. Quanto mais se move para o passado, maiores são as lendas. Teorias que quase ninguém conhece, registros inexistentes, histórias que afundaram nas areias do deserto.

 




A Era Azul (O Mundo Original)

 

Antes do deserto, antes da escassez, Athas era um mundo azul e exuberante, coberto por oceanos vastos e ricos em vida. Os pequeninos (halflings), os primeiros habitantes de Athas, foram os senhores desta era. Não eram os seres tribais que são conhecidos hoje, mas mestres de ciências antigas e detentores de um poder inigualável. Cidades magnificentes flutuavam sobre as ondas e tecnologias mágicas moldavam a própria realidade.




Na busca pelo aperfeiçoamento de Athas, os pequeninos iniciaram um projeto ambicioso: moldar a vida para criar uma entidade perfeita, um ser que equilibraria e protegeria o mundo. Mas algo deu terrivelmente errado. A experiência culminou na criação de um ser destrutivo e insaciável, que ameaçava consumir toda a vitalidade do planeta. Para contê-lo, os pequeninos recorreram a uma solução drástica: um ritual cataclísmico que devastou os oceanos e iniciou a lenta transformação do mundo. Os mares evaporaram, deixando para trás salinas e o vasto Mar de Silte. As civilizações flutuantes ruíram, e o esplendor da Era Azul deu lugar à destruição.

 

Os pequeninos, em meio à culpa e ao desespero, recuaram, abandonando suas grandes realizações. Restou apenas um planeta devastado, aguardando o próximo capítulo de sua história.

 

---

 

A Era Verde (A Era dos Reis-Feiticeiros)

 

Com o recuo dos oceanos, florestas imensas substituíram as águas, criando um mundo verdejante e repleto de vida. Durante essa era, os humanos e outras raças ascenderam, organizando-se em tribos e pequenos reinos. Foi também nessa época que a magia surgiu de maneira mais significativa, revelando-se como uma força poderosa que podia ser manipulada – mas a um custo.

 

Os Profanadores, magos que extraíam energia vital do mundo, iniciaram um processo irreversível. Cada magia drenava a terra, deixando para trás solo morto e infértil. Alguns tentaram resistir: os Preservadores, magos que buscavam equilibrar o uso da magia com a vida ao seu redor, esforçavam-se para manter o mundo em equilíbrio. No entanto, eram minoria.

 



Foi nesse período que surgiram os Reis-Feiticeiros. Utilizando magia profanadora e psionismo, essas figuras ascenderam como tiranos imortais, dominando as cidades-estado e seus habitantes com mãos de ferro. Cada Rei-Feiticeiro se tornava um déspota absoluto, construindo templos em sua honra e escravizando milhares para manter sua supremacia.

 

O lendário Dragão de Tyr também apareceu durante essa era – uma criatura monstruosa e única em Athas. Com pele reptiliana e uma forma humanoide distorcida, o Dragão era um terror vivo. Seu apetite insaciável por energia vital transformava campos verdes em desoladas terras cinzentas, e sua presença fazia cidades inteiras estremecerem.

 





Enquanto os Reis-Feiticeiros consolidavam seu poder, organizações clandestinas surgiram. A mais notável delas foi a Aliança Velada, uma sociedade secreta de Preservadores que buscava derrubar os tiranos e salvar o que restava de Athas.

 

---

 

A Era Vermelha (A Era dos Desertos)

 

A ambição dos Profanadores e o uso desenfreado de magia trouxeram o fim da Era Verde. As florestas morreram, transformadas em cinzas e areia. Rios secaram e o solo rachou sob o peso do poder arcano. Assim começou a Era Vermelha, um período marcado pela aridez e desespero.

 

As cidades-estado tornaram-se fortalezas isoladas no meio de vastos desertos. Os Reis-Feiticeiros, agora em seu auge, ergueram zigurates imensos e governaram por milênios, usando seus templários e exércitos para manter o controle. O povo sofria sob tributos pesados, trabalho escravo e a constante ameaça do Dragão de Tyr, que cobrava um alto preço em vidas para poupar as cidades de sua destruição.




Em Tyr, Kalak, o mais pragmático dos Reis-Feiticeiros, simbolizava a brutalidade do regime. Seu reinado de mil anos foi marcado pela construção de um gigantesco zigurate – um projeto que custou milhares de vidas. Ele acreditava que a estrutura seria sua ascensão final, permitindo-lhe atingir um poder semelhante ao do Dragão.

 



Nesse cenário desolado, heróis improváveis surgiram. Gladiadores das arenas, exércitos rebeldes e os magos da Aliança Velada começaram a se organizar contra os Reis-Feiticeiros. Ainda assim, a luta era desesperada, pois cada tentativa de revolta era esmagada sem piedade.

 

---

 

O Futuro de Athas

 

Ninguém sabe ao certo o que o futuro reserva para Athas. O mundo está à beira do colapso, suas terras cobertas por desertos de areia e salinas mortas. A última esperança parece residir em pequenos grupos de heróis que ousam desafiar os Reis-Feiticeiros e lutar pela redenção de Athas.

 

Talvez os Preservadores possam restaurar a vida em algumas regiões. Talvez a Aliança Velada consiga destruir o ciclo de tirania que define o mundo. Ou, talvez, Athas esteja destinado a se tornar um deserto eterno, engolindo a memória de suas eras antigas e de seus habitantes.

 




Seja qual for o destino, Athas permanece um mundo implacável – um lugar onde apenas os mais fortes e astutos sobrevivem, e onde a esperança é a última fagulha que resta em meio à poeira.

 

Você será o herói que buscará trazer um pouco de justiça e esperança a este mundo? Ou será mais um egoísta desgraçado que usará sua força para conseguir um pouco de poder, esmagando a todos que se colocarem em seu caminho? Bom... Talvez Athas esteja mesmo destinado a se tornar um deserto eterno engolindo todas as civilizações, mergulhado para sempre na tirania e barbárie. O destino de Athas está em suas mãos...





Você pode encontrar material digital de Dark Sun em português no blog Cemitério dos Dragões.

 

 

FINALIZANDO O TEXTO

 

O que achou de Athas? Ficou curioso com os cenários clássicos de D&D? Temos aqui em nosso site outros textos abordando alguns destes cenários, seja a história, sejam NPCs ou curiosidades. Você pode encontrar os posts sobre cenários nestes links: Forgotten Realms, Greyhawk, Planescape e Ravenloft.

 

Gostou dessa leitura? Fale conosco! Faça com que saibamos que você gostou deste texto! Comente e curta nossa página nas redes sociais! @meuspergaminhos está no Twitter (X), Instagram, Facebook, Threads, Bluesky, Youtube, Kwai e TikTok. É a gente sabe. Nossos goblins gerenciam isso tudo mal e porcamente pra você ficar informado de nossos conteúdos! Você pode encontrar nossos links nos ícones ali em cima ou visitar nosso Linktree AQUI.

 



As imagens deste post são da WotC, até onde entendemos, mas se alguma imagem não for (ou se você souber o artista), pode nos avisar que teremos o prazer de creditar a imagem!

 

O trabalho nesta página é feito de forma gratuita, com muito carinho, mas também muito esforço, para o uso de vocês em suas mesas. Gosta de nosso conteúdo? São mais de 170 posts com aventuras, ideias, material de apoio e muito mais! Considere dar seu apoio através de um pix! Nosso Pix é meuspergaminhos@gmail.com . Bons jogos!