A ECONOMIA NAS CIDADES
Uma
questão que surge de vez em quando em algumas mesas é sobre como funciona a
economia "pseudo-medieval" nas cidades e vilas de D&D. E começo me
explicando que eu digo pseudo medieval porque D&D obviamente não é
um jogo medieval. Os valores e moral são alicerçados no século XXI. Livros como
Book of Vile Darkness e Book of Exalted Deeds da 3ª edição de D&D
já demonstravam que os códigos de conduta moral de D&D tem ampla
base no humanismo e, claro, no comportamento liberal norte americano do começo
do século XX, inspirado esse nos valores humanistas que surgiram lá no
iluminismo. O ser humano (e demais raças pensantes) é visto como único, com
direitos e deveres. A vida sempre deve ser preservada. O indivíduo importa. As
leis e costumes devem proteger o indivíduo do poder do Estado (que culmina com
o fim do poder absolutista antes vigente). Se na idade média o plebeu poderia
ir pra forca pela simples palavra do nobre local, isso pode até ser verdade numa
vila de D&D, mas essa vila ou, no mínimo, este nobre, será visto
como Leal (Ordeiro) e Maligno (ou outro alinhamento Maligno). Da mesma forma, o
comércio em D&D é amplo e a troca de materiais é constante. Em
alguns cenários as grandes navegações estão a todo vapor (isso já ocorria na
Costa da Espada desde o AD&D, ali pelos anos 1350-70, muito antes do
ano atual da 5ª edição). As grandes caravanas comerciais atravessam
continentes. Quase se pode falar em grandes corporações e guildas nacionais ou,
no mínimo, locais já são a regra. As cidades já sofreram o efeito de concentrar
as populações e já existem classes sociais bem definidas nas cidades. O valor
já passou pro dinheiro, mais que pras terras, algo que em nosso mundo começa a
ter mais forma após as cruzadas e pouco antes da Guerra dos Cem Anos, focando
apenas na Europa, que seria o suposto modelo medieval. Então, já que aceitamos
que não é um jogo de fantasia MEDIEVAL tão medieval assim, vamos falar um pouco
do comércio.
Brutus
olhou mais uma vez para a poderosa mercadora Lucrécia D’oiro. Ele precisava do
apoio do mais influente membro da Classe Mercante para conseguir que a casa de
moedas da cidade trocasse o valor em diamantes que ele trouxera das Ruinas de
Monte Corsário por ouro e platina para que ele pudesse enfim tentar comprar
algo na cidade. A lei impedia o comércio em pedras preciosas e ninguém se
atrevia a desafiar a dura lei da casa D’oiro. Brutus suspirou fundo. Se ao
menos Lívia tivesse sobrevivido ao combate nas ruínas ela conseguiria convencer
aquela mulher intolerante e insuportável. Restava a ele fazer valer seu poder
financeiro nessa negociação. Nem que fosse através de algum presente a casa
D’oiro, também conhecido como suborno. Bem...
Comprar um pergaminho no Templo das Esmeraldas era a única forma de trazer
Lívia de volta. Depois ele acertaria os custos adicionais com ela...
A
economia nas cidades de D&D podem ser imaginadas tendo-se por base a
lista de equipamentos e custos de vida do Livro do Jogador. No Livro do Mestre,
no Capítulo 1, você tem indicações de como criar o seu mundo e esta é a base
inicial para construção de cidades. Lá eles dividem as cidades em Vilas,
Cidades e Metrópoles. Nesta divisão, as Vilas têm até 1.000 habitantes adultos,
a Cidade até 6.000 e metrópoles até 25.000.
Essas
considerações não se encaixam em mundos como Forgotten Realms, que tem em Águas
Profundas uma cidade com centenas de milhares de habitantes, por exemplo. Você
pode continuar seguindo essas regras de forma geral, e todo o restante a respeito
de sistemas de governo, comércio, moeda, idiomas e facções podem e devem ser
utilizados. Não reproduziremos aqui esses dados. Você os encontra, como
dissemos, no Capítulo 1 do Livro do Mestre.
Tendo
isso em vista, vamos separar os tipos de cidade em nove tipos: Lugarejos,
Povoados, Aldeias, Vilas Pequenas, Vilas Grandes, Cidades Pequenas, Cidades
Grandes, Metrópoles e Metrópoles Planares. Apesar de possivelmente você já ter visto
essa separação em outras edições, aqui trabalharemos esses dados de uma forma
um pouco diferente, tendo em vista os valores e lógica da 5ª Edição.(Aliás, já leu nossa série sobre metrópoles planares? Não? Clique AQUI! e leia agora mesmo)
Além
dos dados de população, haverá a informação sobre limite financeiro. O limite
financeiro é o quanto um comerciante local pode ter em peças de ouro (com ele,
numa instituição financeira, em barras de ouro escondidas, em pedras preciosas
ou qualquer outra forma, dependendo do volume, afinal, nenhum comerciante
guarda 5.000 peças de ouro na gaveta do balcão de negócios). A ideia aqui é
você ter um valor base para quando o grupo deseja comprar algo no local. Isso não
significa, de forma alguma, que tudo abaixo deste valor estará
disponível a venda! Pelo contrário! Se o limite de uma determinada cidade é
de 1.000 peças de ouro, é pouco provável que algum mercador tenha um item próximo
da metade desse valor. Quanto mais 10, 20, 50, 200 itens que custam mais do que
tudo que ele possui em valores em sua vida. Por mais que o comércio de D&D
não seja como o mundo medieval, também não precisamos extrapolar. Use esses
valores para saber que certamente não há itens a venda acima deste valor ou
muitos próximos da metade deste valor. No total da cidade, considere que há uma
quantidade de mercadores, nobres, grupos de aventureiros e outras pessoas com
poder aquisitivo até o limite igual ao descrito na tabela abaixo.
Mas
não fique preso demais a isso. Sempre considere que há uma chance de em um
vilarejo qualquer habitar um rico aventureiro aposentado, ou de um agente de
uma facção infiltrada, ou de por motivos religiosos existir um templo abastado,
ou qualquer outro motivo e os limites aqui descritos irem pros confins do
multiverso. A ideia é que haja mesmo exceções, mas que essas exceções sejam o
que dão cor ao seu mundo e não que sejam tantas e tantas que não exista
qualquer regra.
E,
claro, é seu mundo. Você sempre poderia ignorar tudo escrito até agora...
Lugarejos
População:
Até 80 pessoas.
Limite
Financeiro: 50 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 5.
Povoados
População:
Até 400 pessoas.
Limite
Financeiro: 100 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 20.
Aldeias
População:
Até 900 pessoas.
Limite
Financeiro: 200 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 50.
Vilas
Pequenas
População:
Até 2.000 pessoas.
Limite
Financeiro: 800 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 100.
Vilas
Grandes
População:
Até 5.000 pessoas.
Limite
Financeiro: 3.000 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 250.
Cidades
Pequenas
População:
Até12.000 pessoas.
Limite
Financeiro: 10.000 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 600.
Cidades
Grandes
População:
Até 25.000 pessoas.
Limite
Financeiro: 20.000 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Até 1.000.
Metrópoles
População:
Mais de 25.000 pessoas.
Limite
Financeiro: 50.000 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Mais de 1.000.
Metrópoles
Planares
População:
Mais de 50.000 pessoas.
Limite
Financeiro: 100.000 Peças de Ouro.
Quantidade
de Membros com Poder Aquisitivo: Mais de 2.000.
Além
disso, você pode adicionar a atual condição financeira da cidade. O que seria
isso? Bem... Talvez alguém na cidade tenha descoberto uma rica mina de prata.
Ou talvez a colheita dos últimos dois anos tenha sido terrível e a fome seja a
regra na cidade. Isso afeta o potencial financeiro da cidade. Os seguintes
status estão disponíveis:
Lutando
pela Sobrevivência;
A cidade está em enorme dificuldade financeira. Isso significa que eles não questionam
quem vende o que ou a origem de cada coisa. O mercado negro de comida, armas,
venenos e sabe-se lá mais o que está em alta. Já as guildas e mercadores sofrem
com seus baixos ganhos. Diminua o valor do limite financeiro para ¼ do valor
descrito para o tamanho da cidade.
Sobrevivendo: A cidade enfrenta
uma pequena depressão financeira. Os comerciantes ainda se recusam a comprar ou
vender mercadorias ilegais e a negociar com pessoas de péssima reputação como
piratas ou mercadores de escravos. Claro, isso num geral. Nunca se sabe quem
está disposto a fazer esse tipo de negócio afinal... Diminua o valor do limite
financeiro para ½ do valor descrito para o tamanho da cidade.
Normal: A cidade vive sua
vida normal. Nada de estranho acontece. As leis são seguidas como normalmente
seriam, os impostos estão sendo pagos, a segurança funciona e tudo corre como
sempre correu. Se sempre houve algum tipo de problema, possivelmente ele ainda
existe. O valor do limite financeiro é o descrito para o tamanho da cidade.
Prosperando: A cidade tem tido
boa colheita, ou se tornou uma importante rota comercial, vá saber. O fato é
que o volume de comércio e ouro está fluindo pelas ruas e há menos moradores de
rua do que nunca. Os grandes comerciantes vivem em lugares luxuosos e o governo
patrocina feiras e festas locais. O valor do limite financeiro é o dobro do
descrito para o tamanho da cidade.
Rica: Ouro! Ouro! Ouro!
A cidade está no ápice de sua história. Ela é a exceção para cidades do mesmo
tamanho. Os cidadãos tendem a seguir as leis pois a maioria vive muito melhor
do que jamais viveu e sabe que não teria vida tão boa em outros lugares. Isto
pode estar sendo aproveitado pelo governo local, mas quase ninguém se importa.
Os melhores soldados e capitães da guarda fazem a vigilância. Nobres possuem
guardas pessoais muito bem treinadas. Leilões de arte acontecem e até mesmo os
artistas vivem boas vidas. O valor do limite financeiro é o quádruplo do
descrito para o tamanho da cidade.
Por fim, vamos trazer os valores de algumas construções para ajudar a grupos que queiram se estabelecer nos locais. Obviamente, o preço de uma dessas construções pode ser dividido por até mesmo 10 ou multiplicado por 10 dependendo do tamanho da cidade ou de seu momento econômico. Considere que um lugarejo lutando pela sobrevivência teria custos 10 vezes menor para construções enquanto uma metrópole planar rica teria custos 10 vezes mais elevados.
Muitas
vezes essas construções já existem no local e são passadas de gerações a
gerações. Logo, o fato de um pequeno artesão ter uma casa não significa que ele
tenha capacidade de comprar uma. Herança é algo que cria concentração de renda,
afinal de contas.
Casa
Simples:
1.000 peças de ouro.
Casarão 5.000 peças de
ouro.
Mansão
Luxuosa/Palacete:
100.000 peças de ouro.
Torre: 50.000 peças de
ouro.
Forte: 150.000 peças de
ouro.
Castelo: 500.000 peças de
ouro.
Castelo
Enorme:
1.000.000 peças de ouro.
Bem.
Espero que isso ajude a dar uma pequena dimensão da economia nas cidades para
que você possa dar mais vida a seu mundo.
FINALIZANDO O TEXTO
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